sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? 
Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa. Como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar.
Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e ações de despejo a quem se tem no coração. Fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira cura de qualquer doença é aceitar que se está doente. É preciso paciência. 
O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. Da cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. 
Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o  na alma.
A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa que nos despedaça o coração, que nos mói e nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta da justiça, a falta da solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si, isto é, se os livrássemos da carga que lhe damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injeção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas das vezes só existe a agulha.
Dizem-nos para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais.. Mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar.
Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar.
Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança dele se cansar.

Miguel Esteves Cardoso, in
'Último Volume'

Há dias assim ...

Porquê que há dias em que acordamos e que mais valia não termos saído da cama?
Porquê que há dias em que sentimos uma revolta, uma saudade, uma incapacidade de explicar o que quer que seja?

Há dias assim. E eu não gosto. Não gosto porque não consigo viver à minha maneira, não consigo por um sorriso em tudo o que faço, tudo o que digo. Não me consigo expressar. Vejo as horas passarem.
Se buracos houvessem, escolheria um para me poder esconder. Proteger. E só sair de lá quando me sentisse renovada.
Eu não sou assim.. Pois, não sou.. Mas há dias assim.
Dias em que o azul do céu parece cinzento. Dias onde o cantar dos pássaros incomoda e o verde do jardim passa a castanho.
É tão difícil de explicar! Mas.. há dias assim.
Dias sem explicação. Onde toda e qualquer palavra irrita. Onde a paciência não abunda e onde tomar decisões é um erro.
mesmo dias assim..
Dias onde não apetece fazer nada. Dias de saudade. Dias de emoções. Dias de falta. De recordações. Dias assim..
Dias onde as palavras estão presas, o sorriso encoberto. Dias de espairecer. De reviver. De esquecer.
Há dias assim..

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

As saudades que são tantas
E que em dias como os de hoje não consigo controlar
Penso em ti e sei que mandas
Um beijo e um sorriso para me consolar


Gosto de te escrever
Sei que me estás a ouvir
Ai, esta falta de te ter
Que não dá para definir


E no meio dos 'Porquês' e outras interrogações
O alívio pelo fim da tua dor
Uns meses e mil e uma emoções
Até sempre, Meu Amor.
Dias cinzentos, dias menos bons
Incertezas, preocupações
Escuto, lá fora, tudo o que imite sons
Misto de saudade, emoções

A vida passa, e tudo o tempo tenta levar
Amores, perdas e sentimentos
Conversas por acabar

E no meio das poucas certezas
Avançamos, com receio
Recordamos as incertezas
De qual o melhor jogo para o recreio

Saber viver, já dizia o meu abrigo
Mas nem todos têm essa capacidade
Com as qualidades e defeitos, te digo
Prevalece sempre a lealdade

terça-feira, 9 de setembro de 2014


Já confundi os sentimentos, segui um caminho errado

e ainda sigo a caminhar pelo desconhecido. 
Já fiz juramentos eternos, escrevi na parede da escola
e chorei sozinha em algum sítio por algo que me aconteceu; 
Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que 
são as mais difíceis de esquecer. Já corri para não
deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas 
sentindo a falta de uma única. Já implorei para que uma
pessoa voltasse, mesmo sabendo que era impossível. 
Já descobri que a distância para casa de um amigo nunca é 
demasiado longa. Que os verdadeiros amigos são muito poucos 
e que temos de preservar os que temos.
Já caí antes de um compromisso importante, já fui a primeira
e a ultima a chegar. Já errei e pedi desculpa com todas 
as forças que tinha. Já me emocionei com pequenas mas
grandes coisas. Já senti medo da escuridão, já tremi de
nervos, já quase morri de amor e renasci novamente
para ver o sorriso de alguém especial. Já acordei a meio
da noite e senti medo de me levantar. Já tentei conduzir
só com as mãos. Já gritei bem alto por algo em que acreditava. 
Já cantei no meio da rua, dancei com um desconhecido, lidei com 
pessoas especiais e disse 'Aqui fui feliz'.
Já deixei objetivos para trás em busca de outros. Já descobri paixões
escondidas e, no meio do nada, avancei. 
Já cantei rodeada de amigos na praia, no metro do Porto e já fomos
filmados por desconhecidos.
Já apostei em me despir na rua, gritei de felicidade, roubei flores
num enorme jardim. Já me apaixonei e pensei que era para sempre, 
mas era um “para sempre” pela metade. 
Já abracei e fui abraçada da melhor forma possível. 
Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol 
substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois
descobri que chegaram outros novos e que a 
vida é um ir e vir permanente. Já raspei o fundo da panela
onde se cozinhou o bolo. Já me magoei a tocar trompete
e chorei ao escutar determinada música no autocarro. 
Já cantei, cantei e nunca me fartei. Já falei até ao nascer
do dia ao telemóvel. Já subi até ao terraço para agarrar estrelas,
já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí de uma escada. 
Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, 
já mergulhei para a piscina e não quis sair mais de lá,
já dei saltos enormes e já caí ao apertar o biquíni.
Já me envolvi numa luta entre a onda e eu, onde saí 
vencedora. Já corri por montanhas e estradas, já levei com
a chuva a meus pés. Já senti a amargura da vida,
mas também já senti a grande alegria e felicidade. 
Já descobri que não mando nada, que as coisas 
simplesmente acontecem e que se forçarmos perdem 
toda a piada. Já sorri como perdida e já chorei como desalmada, 
já fiz coisas que não pensei fazer.
Já descobri que a vida é demasiada para não ser vivida,
que devemos aproveitar cada segundo e que devemos
dizer sempre tudo aquilo que nos vai na alma.
Enfim, já descobri e fiz muita coisa. E muita mais coisa virá.


E no entretanto sou assim ... única e acima de tudo, feliz.